terça-feira, 12 de agosto de 2008

Dia dos pais


















Presente do dia dos pais:
2 livros de Manoel de Barros e
1 do Mário Quintana.
as dedicatórias:
o amor de minha amada esposa
o amor dos meus filhinhos e
a assinatura de cada um deles.


2.

A de muito que na Corruptela onde a gente
vivia
Não passava ninguém
Nem mascate muleiro
Nem anta batizada
Nem cachorro de bugre.
O dia demorava de uma lesma.
Até uma lacraia ondeante atravessava o dia
por primeiro do que o sol
E essa lacraia ainda fazia uma estação de
recreio no circo das crianças
a fim de pular corda.
Lembrava a tartaruga de Creonte
que quando chegava na outra margem do rio
as águas já tinham até criado cabelo.
Por isso a gente pensava sempre que o dia
de hoje ainda era ontem.
A gente se acostumou de enxergar antigamentes.

(Manoel de Barros, do livro Poemas Rupestres,
um dos meus presentes deste dia dos pais)