sexta-feira, 19 de junho de 2009

O avô de meu avô*

Exmo. Sr. Secretário de Saúde do Estado de Minas Gerais, Marcus Pestana.
Exmo. Sr. Prefeito Municipal de Andrelândia, Samuel Isaac Fonseca.
Demais autoridades aqui presentes.
Amigos conterrâneos, parentes, Sras. e Srs.
Primeiramente, gostaria de agradecer, em nome de toda a família, à Prefeitura Municipal de Andrelândia, tão bem representada pelo nosso dinâmico Prefeito Samuel, por esta homenagem prestada ao meu avô, Dr. Edson. Justa homenagem, eternizando aqui, nesta unidade de saúde, o nome de quem fez do exercício da medicina um verdadeiro sacerdócio.
O que seria do homem sem a sua história? Nada.
Feliz do homem que conhece e valoriza sua história e a transmite às gerações futuras.
É, pois, sobre a história de um homem simples, de um médico que dedicou sua vida aos seus pacientes, que falarei um pouco aqui.
Quando o avô de meu avô acolheu o neto em seus braços, na suntuosa sede da Fazenda Cachoeira, no então distrito de Madre de Deus, acariciou-o e abençoou-o, louvando a Deus pela saúde do rebento. Dois anos depois, aos 65 anos, morria no então distrito de São Vicente Ferrer, em sua vivenda, no Largo da Matriz.
Severino Augusto dos Reis Meirelles, Major da Guarda Nacional e influente líder do Partido Republicano do Turvo não viu, assim, seu neto crescer.
E o menino Edson, em graça e sabedoria foi crescendo.
Fez os estudos primários em São João del Rei, sua terra natal e aos 20 anos ingressou na Faculdade de Medicina de Minas Gerais.
Formado médico, em 1941, voltou para São João del Rei, clinicou por um ano, indo em seguida para Mirai/MG, onde trabalhou de 1942 a 1943 e onde conheceu sua futura esposa Maria da Glória, com quem se casaria em 16 de julho de 1945.
No início de 1944, o Sr. José Tibúrcio Salgado, mais conhecido, pelos andrelandenses por Sr. Juca Salgado, foi a São João del Rei fazer um convite ao jovem médico, para que viesse trabalhar nesta cidade. Assim, no dia 19 de março do mesmo ano, ao lado do médico Dr. Diniz Rangel e do cirurgião dentista Dr. José de Andrade Godinho, começou a trabalhar na Santa Casa de Misericórdia desta cidade, na qual, podemos afirmar, sem exagero, passou mais tempo de sua vida do que em sua própria residência.
Médico dedicado e bondoso, excelente obstetra, operador e clínico, reunia todas as qualidades que apreciamos em um médico: a competência, a esmerada educação, a finura no trato, a paciência e a dedicação. Não tardou a tornar-se um prestigiado líder político, sendo nomeado interventor municipal, quando do fim da Ditadura Vargas, exercendo o cargo do dia 28 de fevereiro a 31 de dezembro de 1946, vindo, em seguida a ser eleito vereador em 1951, cargo que exerceu durante vinte e um anos, até 1973, quando foi eleito prefeito, sempre pelo mesmo partido que outrora defendera seu avô, o Major Severino Augusto dos Reis Meirelles.
Aqui morou, aqui foram nascendo seus filhos: Maria do Carmo, minha mãe, Edson Filho, que seguiu a mesma profissão do pai, Fátima Cristina, Lúcia Beatriz e Francisco Eugênio. Aqui viu nascer os netos, dentre os quais, hoje contempla, de onde estiver, quatro colegas de profissão: Érika, Marco Túlio, Edson Netto e Eveline. Aqui cumpriu primorosamente sua sina de curar e aliviar a dor do próximo. Nesta terra, que adotou como berço natal, deixou seu suor, seu legado, suas lágrimas, seus frutos, e seu exemplo aos filhos e netos, que vieram ao mundo por suas abençoadas mãos. Nesse chão que amou incondicionalmente, repousou seu corpo, falecendo em 15 de agosto de 1994.
Dr. Edson de Rezende Meireles, que um dia acolheu-me em seus braços, acariciou-me e abençoou-me assim como fizera com ele o Major Severino Augusto dos Reis Meireles, avô de meu avô, e assim como o farei com meus netos e estes o farão, por sua vez, com os seus netos, nesta sempre mágica e misteriosa sucessão das gerações.

*Discurso proferido na inauguração da Unidade Básica de Saúde que recebeu o nome de meu avô, Dr. Edson de Rezende Meireles, em Andrelândia, no dia 18 de junho de 2009.