terça-feira, 8 de maio de 2007

Homens que merecem nossa admiração (II)

Ele já passou muita fome. Chegou a comer o próprio farelo das vacas, misturado com leite.
Lembro-me como se fosse ontem, do dia em que chegou para trabalhar na Fazenda.
Eu era criança e o olhar daquele homem me comoveu.
A força dos escravos africanos corre em seu sangue e sua disposição para o trabalho é algo que impressiona qualquer um.
Mora em um pequeno quarto embaixo do paiol.
Almoça e janta na casa de outros colonos (confesso nunca ter visto pratos mais altos e cheios do que os dele).
Guarda o dinheiro que ganha para comprar o que mais lhe apraz: relhos, canivetes e botinas, além de indumentárias e arreatas para sua querida mula.
Nos domingos de folga, o que mais lhe agrada é arrear impecavelmente a mula e passear pelos povoados próximos à Fazenda. Não gosta de cidade.
Tem grande estima e apego para com o “Tesouro”, burro que é seu companheiro de trabalho há mais de 15 anos.
Não sabe ler nem escrever, mas carrega o mundo nas costas, o seu mundo: a Fazenda.
Homens assim merecem toda nossa admiração.

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