terça-feira, 3 de julho de 2007

O "Beethoven do sertão"

Conhecido e admirado pelo Brasil afora como “artesão dos sons”, o violeiro Zé Côco do Riachão foi criado na localidade de Riachão, onde nasceu, às margens do rio que leva o mesmo nome, na confluência dos municípios de Mirabela e Brasília de Minas, no Vale do São Francisco.
O pai era fazedor e tocador de violas. No momento de seu nascimento, passava uma folia-de-reis e ele foi consagrado pela mãe aos santos Reis; por isso "dos Reis" registrado em cartório. Ouvindo seu pai tocar desde que nasceu, aos 8 anos, já tocava viola que ele mesmo ia aprendendo a fazer. Foi marceneiro, carpinteiro, ferreiro, sapateiro, fazedor de cancelas, de engenho, de carro de boi, curral de tira, roda de rolar mandioca, mas o que o tornou conhecido, inclusive internacionalmente, foi a excelência dos instrumentos que fabricava e tocava: viola, violão, cavaquinho e rabeca. Aos vinte anos, assumiu a pequena fábrica de instrumentos de seu pai.
Saía mata afora, batendo com a mão fechada nos troncos das árvores para ouvir o som produzido pelas batidas; e assim ia escolhendo os tipos de madeiras para a confecção de seus instrumentos; e assim ia cumprindo sua sina; e assim aprendeu a ouvir os sons que se escondem em cada pedaço de folha, em cada árvore, em cada pedaço de pau, em cada “centímetro do chão de Minas Gerais”, como ele afirmava.Iniciou a vida artística acompanhando seus pais nas folias-de-reis. A carreira em discos começou em1980, com o lançamento de "Brasil puro" disco considerado por unanimidade pela crítica, como um verdadeiro achado da expressão da nossa cultura popular.
Calangos, valseados, dobrados deram o tom do repertório do artista que foi um dos maiores representantes da tradição da viola. Homem do povo, autodidata, artesão de sons, ele viveu 68 anos praticamente no anonimato, ocupado somente do ofício de construir e consertar instrumentos.
Salve Zé Côco do Riachão, maestro das árias do Sertão.

José dos Reis Barbosa dos Santos, obrigado!

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