terça-feira, 1 de setembro de 2009

Louvação

Ajoelhe no oratório de chão, perante o altar das árvores,
e acenda os cânhamos para agradecer o rebento que nasce
e que chora, com boa saúde, pelo leite da mãe.

Velas queimando em louvação e os bois berrando,
o tabapuã de olhar calmo e sereno,
o guzerá pegador, de índole má, que investe na sombra.

Rezas, rêses, rendas e ruindades no seu chão e
as marrecas e paturis no vôo solo ou em bandos
que orquestram a sinfonia do ar.

Curve-se diante da imponência e da fertilidade de
um mísero grão de feijão e comece a acreditar na
soberania e na força da multiplicação desse pequeno bago,

pois quem crê na soberania do pequeno
compartilha do grande conhecimento dos mais sábios
e herda o reino da paciência e da sensatez.

Contemple por mais tempo a pacificidade da lagoa e
agradeça o dom de adivinhar a mandioca no chão;
caminho de raízes, guiadas pelas vozes da terra.

Chore devido à fumaça da lenha ruim estalando
nas brasas do fogo que hipnotiza o olho
descansado do pobre velho cansado.

Cante, com as lavadeiras da curva do rio,
a pureza da água que dissolve o sabão de cinzas
que esfrega a brancura dos linhos e algodões .

E olhe ao redor, admirando a grandeza de seu pequeno mundo.

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