sexta-feira, 23 de março de 2007

Biblioteca Municipal de Andrelândia

Morando novamente em Andrelândia, resolvi revisitar a biblioteca municipal da cidade aonde, quando criança, eu ia algumas vezes realizar alguns trabalhos escolares. Como quase toda criança, eu não via muita graça naquele lugar; era como qualquer sala de aula, com uma “tia” fiscalizando nossos atos, algumas estantes cheias de livros que não significavam nada para mim e um relógio grande na parede, onde eu só queria ver marcada a hora de ir embora.
Muitos anos se passaram, a pequena biblioteca é, aparentemente, a mesma. Mas não para mim. Lembrava somente de alguns livros infantis e de muitos didáticos, o que não aguçava muito meu interesse por esses objetos. No entanto, foi grande a minha surpresa...
Coleções completas de Graciliano Ramos, Gabriel Garcia Marques, Jorge Amado, Machado de Assis; livros de Gilberto Freire, Euclides da Cunha, Aldous Huxley, Virgínia Woolf, Júlio Verne, e até mesmo Shakspeare em versões infanto-juvenis. Obras de muitos poetas; de Menotti del Picchia a Mário Quintana; Manoel Bandeira, Cecília Meireles, Lêdo Ivo, Garcia Lorca e muitos outros, alem, é claro, das enciclopédias, dicionários, e dos livros infantis e didáticos que povoavam minha memória.
Nunca imaginava que na biblioteca de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, reservadas as devidas proporções, tivesse tanta diversidade de livros.
Estava muito feliz em ver todos aqueles livros ali, ao alcance de todos, mas ao mesmo tempo fiquei triste ao pensar que é mínima ou quase nenhuma a quantidade de crianças, jovens e adultos de minha cidade que se interessam pelo acervo que ali se encontra, ou mesmo sabem da existência da biblioteca.
Confesso que me senti culpado por não ter voltado àquele lugar há mais tempo, culpado por contribuir com uma parcela da falta de interesse para com a biblioteca, culpado, enfim, por não ter desfrutado, durante todos esses anos, dos livros de minha cidade que estão lá, clamando por leitores.

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