quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Um poeta caipira

“Você já leu o Dantas Motta?”
Mário de Andrade perguntou a Sérgio Milliet, que respondeu ainda não ter lido.
“Carece”, observou Mário.
Assim Sérgio Milliet inicia a apresentação escrita na “orelha” do livro Elegias do País das Gerais, editado em 1961, pela José Olímpio, do poeta mineiro Dantas Motta.
Elegias do País das Gerais (publicado originalmente em 1946) é considerado pela crítica especializada um dos mais importantes livros de poesia escritos em Minas Gerais, apesar de ser ainda pouco conhecido do público em geral.
Dantas Motta, o autor, nasceu em Carvalhos, então distrito de Aiuruoca, no sul de Minas, em 1913, saindo para estudar Direito na Capital do Estado e retornando para Aiuruoca, onde passou a exercer a advocacia, militando em todo o sul de Minas e São Paulo. Mas sua vocação era a poesia.
Diferentemente de outros grandes escritores mineiros, Dantas Motta não abandonou sua terra natal e, talvez por isso seu nome seja pouco conhecido no cenário da literatura brasileira. Em Aiuruoca trabalhava e escrevia, isolado, no porão de sua casa, onde tinha uma biblioteca com aproximadamente 15 mil livros. Gostava de pescaria, de fumar um cigarrinho de palha e de comer lingüiça e outros derivados de porco sempre regados por doses generosas da autêntica pinga mineira.
Amigo de Mário de Andrade, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, entre outros, Dantas Motta sempre escapulia para São Paulo e Rio de Janeiro para um dedo de prosa com os amigos. Devido a esse estilo de vida, Drummond o classificaria como “o caipira mais civilizado que já vi entre literatos”
Assim era Dantas Motta que partiu definitivamente em 1974, deixando Aiuruoca e Minas Gerais mais tristes.
José Franklin Massena de Dantas Motta, obrigado!

Um comentário:

Carrie, a Estranha disse...

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bjs