terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Adélia Prado

Bucólica nostálgica

Ao entardecer no mato, a casa entre
bananeiras, pés de manjericão e cravo-santo,
aparece dourada. Dentro dela, agachados,
na porta da rua, sentados no fogão, ou aí mesmo,
rápidos como se fossem ao Êxodo, comem
feijão com arroz, taioba, ora-pro-nobis,
muitas vezes abóbora.
Depois, café na canequinha e pito.
O que um homem precisa pra falar,
entre enxada e sono: Louvado seja Deus!

Mineira de Divinópolis, Adélia Prado é capaz de poesias das mais belas que se lêem no cenário poético contemporâneo.
Poeta que seduz e encanta.
Sua poesia faz transbordar os sentimentos, o amor. Poesia que dá saudade de alguma coisa, mas que não sabemos bem o que é; que lembra casa de vó no interior de Minas Gerais.
Certa vez Adélia deu uma das melhores explicações a respeito da poesia:

“O dom do poeta é encantar-se com aquilo que é natural porque se passar um boi voando todos vão olhar.
- Olha tem um bezerro voando ali.
Todos vão sair para ver. È fácil falar do extraordinário, mas admirar aquilo que é ordinário... O copo d’água, a cozinha arrumada, o almoço sendo preparado, a vida. Isso que nos é dado a todos, aí mora a poesia.”

Simplesmente maravilhoso!
Adélia Luzia Prado de Freitas, obrigado!

“De vez em quando Deus me tira a poesia
Olho pedra, vejo pedra mesmo.”

Adélia Prado

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